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Segunda, 14 Agosto 2017 21:07

Com clubes e cena crescente, gamers começam a viver de Fifa no Brasil

Fonte/Escrito por  sportv.globo.com
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Rafifa13 e Lucasrep98, que jogam o Mundial do game nesta semana, são exemplos dos primeiros ciberatletas que conseguem se dedicar exclusivamente à modalidade

Por Matheus Tibúrcio e Thiago Lopes Rio de Janeiro

Já foi-se o tempo em que videogame era feito só para criança se divertir. Depois de quase 50 anos do surgimento dessa indústria, já há quem viva do chamado esporte eletrônico. Exemplos não faltam em títulos como League of Legends e Counter-Strike: Global Offensive (CS:GO), que possuem uma base de competições e espectadores bem estabelecidos em todo o globo. Agora chegou a vez dos simuladores de futebol. Com o interesse crescente dos clubes e com o aumento do investimento da produtora EA Sports e até da própria Fifa, alguns jogadores que participam do cenário competitivo de Fifa no Brasil já começam a colher os frutos de um profissionalismo que vem dando as caras na modalidade.

Rafifa13; Fifa (Foto: Reprodução / Twitter)
Rafifa13 e exemplo de gamer que atualmente vive de Fifa no Brasil (Foto: Reprodução / Twitter)

Dois dos três brasileiros que vão disputar o Mundial de Fifa, a partir desta quarta-feira, em Londres, sabem como é essa realidade. O carioca Rafael "Rafifa13" Fortes, de 22 anos, e o catarinense Lucas "Lucasrep98" Gonçalves, de 19, são contratados do Paris Saint-Germain e do Goiás, respectivamente. Recebem salários como qualquer jogador de futebol profissional. E vestem a camisa do clube nos campeonatos e quando participam de eventos.

Rafifa deixou o trabalho numa agência de comunicação assim que assinou com o PSG. Faz faculdade de Relações Públicas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), mas atualmente nem precisa dividir o tempo uma vez que a instituição se encontra em greve. Lucasrep está fora dos estudos por enquanto; é Fifa o tempo inteiro. A questão é que são poucos os jogadores que têm o mesmo privilégio.

- Eu hoje sou abençoado por ter a chance de viver só do Fifa. A gente tem poucos jogadores no Brasil que têm essa oportunidade. Um paralelo que gosto de fazer é com o CS:GO. Os jogadores do "tier" 1 do país não conseguem viver de CS:GO. Muitos têm outras profissões, jogam à noite e são tidos como profissionais. Com o crescimento do cenário de Fifa, essa situação vai mudar. Vamos ter outros jogadores que, assim como eu, vão poder representar um clube como o PSG, ou como o Lucas no Goiás. Terão outros que vão poder se dedicar exclusivamente ao Fifa. Os jogadores da SK (time de CS:GO composto por brasileiros, um dos melhores do mundo) são profissionais e vivem do CS:GO. Hoje temos esses poucos exemplos, mas, daqui alguns anos, acredito que vamos ter mais gente com essas oportunidades e mais firmada no cenário - comentou Rafifa.

Fallen; Rafifa13 (Foto: Reprodução / Twitter)
Fallen, capitão do time de CS:GO da SK, e Rafifa13 juntos em evento em São Paulo (Foto: Reprodução / Twitter)

Apesar da possibilidade de se sustentar jogando Fifa, ainda está difícil sair da casa dos pais, por exemplo. Mesmo recebendo salários - Rafifa até ganha em euro -, as premiações acabam sendo uma importante fonte de renda dos jogadores. Até o momento, as mais expressivas de Rafifa nesta temporada foram US$ 20 mil (R$ 63,6 mil) pelo título do Regional de Miami, em fevereiro, e US$ 8 mil (R$ 25,4 mil) por ter ficado entre os quatro melhores do Xbox One na Final de Campeonato de Ultimate Team, em Berlim, em maio.

- Claro que o dinheiro ajuda a construir o nosso futuro, mas hoje em dia, pela imaturidade do cenário de Fifa, a gente não pode dizer que está feito na vida ou que é rico. É claro que o dinheiro é muito bom e ajuda muito, mas também é preciso investir, por exemplo, em equipamentos. Estamos num cenário ainda muito inicial, então temos que ir com calma, esperar o próximo ano, jogar os torneios que existem agora e continuar com o trabalho duro para colher os frutos no futuro - explicou o jogador do PSG.

Lucasrep; Goiás; Fifa (Foto: Reprodução / Twitter)
Lucasrep com o troféu da qualificatória brasileira (Foto: Reprodução / Twitter)

Rafifa tem razão quando diz que o cenário de Fifa ainda está engatinhando. Nesta temporada, foi a primeira vez que a EA Sports promoveu um circuito competitivo, distribuindo US$ 500 mil (R$ 1,6 milhão) ao longo de qualificatórias e finais. E, para este ano, a Fifa aumentou em dez vezes a premiação para o campeão do Mundial em relação ao ano passado: de US$ 20 mil (R$ 63,6 mil) para US$ 200 mil (R$ 636 mil).

Henrique "Zezinho23xx" Lempke completa o trio brasileiro no Mundial. Com 17 anos de idade, o gaúcho entrou no competitivo de Fifa justo no primeiro ano em que a modalidade recebeu incentivos nunca antes vistos em sua história. Sem clube e sem patrocínio, o estudante sabe que viver só de Fifa ainda não é para todo mundo.

- É um cenário que está crescendo bastante. Mas, se você estiver numa organização de menor porte, ainda não dá para ter a independência financeira vivendo só de Fifa. Por outro lado, já tem vários e-sports que estão dando muito dinheiro. Vamos ver se vai dar para viver de Fifa daqui a alguns anos, assim como a SK vive de Counter-Strike - apontou.

Zezinho23xx; Fifa (Foto: Divulgação / Fifa)
Estudante, Zezinho23xx joga Fifa sem clube e sem patrocínio (Foto: Divulgação / Fifa)

Clubes estão contratando jogadores de videogame. Os campeonatos estão dando premiações maiores. A dúvida que fica é: será que os gamers de Fifa passarão a ganhar rios de dinheiro tal qual aconteceu no futebol? Será que os pro players de hoje saberão o que é isso ou estarão vivos para presenciar isso no futuro?

- Quase tenho certeza que sim. O ponto forte que temos é que o nosso esporte é o futebol. Todo mundo que vê já entende. É diferente de um CS ou de um LoL, que precisa estudar o jogo. Muitos clubes europeus já têm jogadores de Fifa. Salários, não sei, mas a premiação só tende a aumentar. Daqui um ano ou dois, acho que estaremos no patamar de CS, que dá US$ 1 milhão (R$ 3,2 milhões) nos torneios mais importantes. Temos capacidade - opinou Lucasrep. 

 

O Mundial de Fifa contará com transmissão ao vivo do SporTV.com durante os dois primeiros  dias do evento. A fase de grupos começa nesta quarta, a partir das 8h (de Brasília). A maior parte do mata-mata acontece na quinta, a partir do mesmo horário. A sexta-feira reserva os jogos de volta das finais de cada plataforma e também a decisão geral, sendo que a transmissão ao vivo fica por conta do SporTV 2, às 12h30 (de Brasília).

participantes; FIWC; Mundial: Fifa (Foto: SporTV.com)
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