O mundo do futebol perdeu nesta quinta-feira um de seus maiores personagens. Cruyff morreu em Barcelona, cidade na qual passou cinco anos como jogador e sete como técnico.

E, além de ser um grande entendedor do jogo, o holandês também coleciona uma série de histórias. Desde não usar a camisa da Adidas com a seleção holandesa em 1974 (se reparar, apenas o seu uniforme tem duas e não três listras), até trocar o cigarro pelo pirulito, após o infarto em 1991.

Uma das histórias mais contadas no Brasil é que, na temporada 1993-94, quando era treinador de Romário, Cruyff teria atendido a um pedido do Baixinho. O camisa 10 do Barcelona queria uma folga no Brasil e o treinador supostamente disse que se ele fizesse dois gols na partida daquele dia, estaria liberado. A lenda conta que Romário fez dois gols em 20 minutos e pediu substituição, alegando que seu voo estava por sair.

A lenda é engraçada, mas… é lenda. Enquanto foi treinado por Cruyff na Catalunha, Romário fez 32 gols em 47 partidas naquela temporada. Foram 30 na Liga Espanhola e dois na Liga dos Campeões. Nesses 47 jogos, Romário foi substituído cinco vezes, nenhuma no primeiro tempo, quatro durante a segunda etapa e apenas uma vez no intervalo – contra o Sporting Gijon, uma partida que terminou 1-1 e o brasileiro não marcou.

O único jogo que Romário marcou e foi substituído foi contra o Sevilla, na última rodada da Liga Espanhola (não o último jogo da temporada, pois ainda faltava a final da Champions). Romário marcou aos 25 e saiu aos 29 daquele jogo que terminou 5-2 para o Barça.

Na temporada seguinte, já sem Cruyff no banco, Romário disputou 17 partidas, fez 7 gols, foi substituído duas vezes, mas nunca nas condições mencionadas no “conto do avião”.

Isso não diminui Romário, nem Cruyff, nem a história de ambos. Mas é uma lenda que de tanto ser contada quase (quase) vira realidade.