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Sexta, 13 Abril 2018 18:28

MULHERES NO FUTEBOL - Participação feminina na Taça das Favelas

Fonte/Escrito por  tacadasfavelasminas.com.br
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Lugar de mulher é aonde ela quiser, inclusive no campo de futebol”, diz a bandeirinha Luciana Eleotéria

**Por Helen Oliveira

Sábado, ainda é bem cedo, quando as meninas começam a colocar os meiões e as chuteiras. Cabelos presos, entusiasmo e a esperança de um bom resultado. No último fim de semana, o Complexo Poliesportivo Vale do Jatobá acolheu o sonho de meninas que querem ser Martas. Os próximos jogos serão realizados nos finais de semana 14 e15, 21 e 22,  28 e 29 de abril, quando serão realizadas as semifinais e a final no poliesportivo do Vale do Jatobá, Avenida Senador Levindo Coelho, 2280 – Mangueiras/Vale do Jatobá.

Os jogos femininos abriram a segunda edição do Taça nas favelas, organizada pela Central única das Favelas (Cufa). O projeto tem como objetivos manter a paz entre as comunidades, jovens longe da criminalidade e inclusão social.  Além disso, o torneio incentiva as mulheres a atuarem no futebol, não só como jogadoras, mas também como técnicas, juízas e bandeirinhas. Elas conquistam espaço em quadras e campos e mostram que dominam tão bem bola quanto o apito.

*Foto: Moisés Pego

No entanto, ainda, são atacadas por argumentos machistas de que mulher não sabe nada de futebol e que não deveriam estar em campo. Mas elas passam por cima do preconceito e provam que “lugar de mulher é aonde ela quiser, inclusive no campo de futebol”. Jogadoras, treinadoras, torcedoras e até mesmo bandeirinhas estão batendo de frente com o senso comum, mesmo quando são, por diversas vezes, atacadas e não só verbalmente.

“Certa vez, um torcedor me chamou por um nome horrível e disse que eu deveria estar em casa lavando louça”, diz a bandeirinha Luciana Eleotéria. Apesar de ser constantemente ofendida por ser mulher não abandona a luta por direitos iguais. A abertura da taça foi feita pelo futebol feminino. Não faltaram gols! A disputa foi entre as equipes Complexo Minas Caixa, que vem da Região de Venda Nova, e Aglomerado da Serra, da Região Centro-sul.  A vitória ficou com a equipe de Venda Nova, com placar de 2 a 1. Em campo, jogadoras motivadas e com o sonho seguirem na carreira profissional. Meninas que se preparam durante meses para estarem ali, mostrando garra, determinação e, é claro!,  show de bola em campo.

*Foto: Moisés Pego

A partir do ano que vem, os clubes de futebol brasileiro que não tiverem um time feminino disputando campeonatos nacionais estarão fora da Copa Libertadores. Essa é uma das exigências previstas no regulamento de clubes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A luta pela igualdade de gêneros tem surtido resultados no Brasil. A exigência representa grande passo para incentivar as mulheres a não desistirem do esporte.  As meninas dizem que ainda há muito trabalho a ser feito, mas que o primeiro passo foi dado. Elas dizem que é necessário que o respeito exista. Muitas jogadoras ainda sentem medo de se manifestarem diante da falta de aceitação no futebol.

De acordo com o diretor-geral da Taça das Favelas e presidente nacional da Cufa, Francislei Henrique, as mulheres que querem se dedicar ao futebol enfrentam o preconceito social e não recebem o mesmo tratamento dado aos homens. “O projeto procura mostrar a potência e o crescimento que podem ter. “Os talentos são equivalentes, mas as dificuldades enfrentadas por elas são maiores”, afirma.

As mulheres do futebol fazem apelo pedindo respeito, e mesmo com os ataques estão dispostas a permanecer na luta. Muitas além de sofrer em campo em razão do preconceito, relatam que sofrem violência em outros espaços. Muitas relatam ter passado por situações de agressão no ambiente doméstico. Mesmo com essa situação desfavorável,  não estão dispostas a desistir. O contrário: elas encontram no futebol espaço para reafirmação e empoderamento.

OPORTUNIDADES A Taça das Favelas tem se tornado um pilar para as comunidades de todo o Brasil.  A competição é realizada no Rio de Janeiro, além de Belo Horizonte. Meninos e meninas sonham com oportunidades que pareciam impossíveis de serem alcançadas, como, seguir carreira no futebol profissional. Olheiros de vários clubes estão presentes nos campeonatos em busca de novos talentos. Nas últimas edições jovens foram escolhidos a dedo para terem um futuro promissor no futebol nacional e internacional, como é caso de Bruna Carolina (20 anos) que hoje joga pelo Braga de Portugal e Vitória Cristina (18 anos) que atualmente está jogando pela Faculdade de Lowa Central Community College, nos Estados Unidos.

**Helen Oliveira é estudante de jornalismo da UNA

*Moisés Pego é estudante de jornalismo da UNA

Lido 4380 vezes (acessos) Last modified on Sexta, 13 Abril 2018 21:31