As dimensões são bem distantes, mas, duas vezes por semana, uma pequena sala de mais ou menos 14m x 7m em uma academia na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, é transformada em campo de futebol. Não há grama, claro. Mas muitos aparelhos funcionais, um espelho e música para dar o clima. Os “atletas” também são 11, incluindo o professor. Aqui, porém, ninguém está preocupado em exibir uma grande performance. Pelo contrário. Para encarar os 50 minutos da chamada Soccer Class não é preciso nem 10% da habilidade de Neymar. Mas é preciso disposição. E também bom humor. Nessa aula de futebol, calorias são queimadas enquanto os alunos se divertem com seus erros e acertos.
A atividade foi criada em 2014 na academia do sindicato dos atletas de futebol do Rio de Janeiro. Era época de Copa do Mundo no Brasil e, a princípio, se tratava apenas de uma ação promocional para o período. Mas deu tão certo que a Soccer Class não saiu mais da grade da academia, e hoje é praticada por crianças, adolescentes, homens e mulheres de várias idades.
Divididos em duplas, todos correm, cabeceiam, trocam passes, toques e suam bastante, executando diferentes exercícios inspirados na preparação de atletas até o “apito” determinar a troca para outra estação do circuito; Não há pausas. O "descanso" acontece apenas quando o aluno faz o papel de jogar a bola para o parceiro. Função que é invertida na sequência. Já o aprendizado da técnica acontece de forma natural, sem as cobranças comuns aos jogadores profissionais, alunos de escolinhas e até mesmo entre peladeiros de fim de semana. Aqui, o nível de conhecimento do esporte e as habilidades individuais pouco importam. No fim, todos saem com sentimento de missão cumprida.
- Eu sempre quis aprender a jogar futebol, e já aprendi bastante coisa em um ano de aula. É uma forma de treinar e queimar calorias sem a monotonia das atividades convencionais - disse a engenheira química Karine, que influenciou a irmã Vanessa a também dar seus primeiros passes na aula:
- A gente ganha condicionamento físico e de quebra ainda aprende o básico - observou a funcionária pública.
Lado a lado: paixão e rivalidade saudável estão presentes na aula (Foto: Renata Domingues)
Ao lado delas, os meninos Pedro Paulo, de sete anos, e Miguel, de oito, gastam energia e espalham alegria pelo ambiente. Os toques na bola saem meio sem jeito muitas vezes, mas ali eles não só se mantêm ativos, como se divertem como crianças, deixando por alguns minutos os aparelhos eletrônicos de lado.
- Miguel gosta muito da aula. É uma maneira divertida de ele emagrecer. Criança hoje fica só no celular e só engorda - brincou Carine, mãe de Miguel e professora de musculação na própria academia.
E o responsável por essa turma tão heterogênea, é o jovem Felipe. Aos 26 anos, o professor foi escolhido pela experiência na preparação física de clubes de futebol. Ele trabalha com um time universitário e já passou pela base do Fluminense e pelos profissionais do Duque de Caxias. Mas é na Soccer Class que se realiza.
- A gente foca tanto na perda de calorias, como no aprendizado da técnica. E o público gosta bastante da aula. Entre os jogadores, há sempre aqueles que não gostam muito de treinar a parte física e às vezes dão uma enrolada básica. Aqui não tem isso - divertiu-se.
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E sem direito aos chamados “migués” dados por alguns atletas profissionais, o time amador comandado por Felipe faz bonito e volta renovado para a rotina pessoal de cada um. Ao menos duas vezes por semana, meninos e meninas, homens e mulheres de diferentes idades e profissões são verdadeiros atletas da bola.
Juntos, adultos e crianças aprendem técnica, suam e ainda se divertem (Foto: Eu Atleta / foto: Renata Domingues)
*Agradecimento: academia Safit Club