
E aí vem o mais impressionante: dos 15 mil homens, são só 3 mil adultos (acima de 18 anos), e destes, só 100 são registrados como jogadores 100% profissionais - ou seja, que exercem apenas a atividade de atleta, sem ter um segundo emprego para completar a renda.
Logo, a Islândia, com seus 330 mil habitantes, tem só 100 boleiros profissionais registrados no próprio país. Algo ínfimo perto dos números do Brasil, por exemplo.
No último levantamento feito pela CBF, publicado em fevereiro deste ano, foram encontrados 28.203 jogadores sob contrato. Ou seja, 282 vezes mais que na pequena ilha, que é o 10º menor país da Europa, com 103 mil km², e a menor nação em todos os tempos a disputar a competição continental.
Dos estão na Euro, no entanto, nenhum atua no futebol local. Sete jogam na Suécia, três na Noruega, dois na Dinamarca, dois na Itália, dois na Alemanha, dois em Gales, um na Inglaterra, um na Rússia, um na Suíça, um na França e um na Bélgica.

Ao todo, a Islândia tem 75 jogadores registrados em 14 ligas diferentes da Europa.
Além disso, há grande investimento em estrutura física, com a inauguração de estádios e centros de treinamentos, muitos deles indoor, para aguentar as gélidas temperaturas do país.
"Nós crescemos brincando fora de casa, fazendo atividade física. Muito disso se perdeu hoje, com as crianças sempre sentadas em frente aos computadores e smartphones. Tivemos que nos ajustar ao que está acontecendo no mundo e mudar essa história", contou o treinador da Islândia, Heimir Hallgrimsson, em palestra realizada em dezembro do ano passado - ele dirige a equipe ao lado do experiente sueco Lars Lagerback.

Também há grande investimento na teoria, com a formação de professores para as crianças. Não à toa, a Islândia tem quase 700 técnicos com a licença B da Uefa.
O número de atletas islandeses, aliás, é tão pequeno que os próprios jogadores se consideram melhores amigos, já que se conhecem e atuam juntos há muitos anos.
O número de torcedores da Islândia que viajou para a Eurocopa também é espantoso. Na últimaa quarta, havia cerca de 10 mil no Stade de France. Portanto, praticamente 3% do país.
"Conheço, ou ao menos reconheço de outras partidas, 50% dos nossos fãs. Isso faz tudo ser mais delicioso", celebrou Arnason, um dos grandes nomes da geração que fez seu país galgar 100 lugares no ranking da Fifa em cinco anos e o levou pela primeira vez a uma Euro.
Nas oitavas, a Islândia encara a Inglaterra, terça-feira, em Nice.