Mas na ânsia de repetir a fórmula vencedora em 1958 e em 1962, cometeram-se alguns equívocos ao longo dos treinamentos para o Mundial de 1966, na Inglaterra. Vicente Feola substituiu Aymoré após a excursão à Europa em 1963 e, graças ao saldo positivo obtido desde então, foi mantido no cargo. 

A comissão técnica pressionada de todos os lados acabou convocando 47 jogadores. Durante o período de testes, realizados em Serra Negra e Caxambu, a tensão foi crescendo, dado que 25 jogadores não iriam à Inglaterra. Logo ficou evidente que alguns mais veteranos já não tinham gás. O próprio médico Hilton Gosling reconheceu que a artrose de Mané Garrincha dificultava-lhe repetir os velhos dribles.

No Brasil, entre 1º de maio e 15 de junho, a Seleção fez 11 amistosos, experimentando escalações distintas. No dia 8 de junho, por exemplo, a equipe jogou duas vezes no Maracanã, vencendo o Peru por 3 a 1 e a Polônia por 2 a 1, colocando em ação 23 jogadores. Já na Europa, foram outras seis partidas contra adversários de fragilidade aparente, e o fato é que a Seleção chegou ao dia da estreia sem conjunto, tantas as indefinições. A Bulgária não ofereceu muita resistência e o Brasil venceu por 2 a 0 no Estádio Goodison Park de Liverpool, gols de Garrincha e Pelé, confirmando a tese de Havelange e seus comandados, só o que eles não sabiam é que este seria o último jogo em que ambos atuariam juntos pela Seleção Brasileira.

Por conta disso, o jogo contra o fraco time búlgaro deu a falsa impressão de que o Brasil iria repetir as campanhas anteriores. Os búlgaros iniciaram a partida tentando conter o amplo domínio dos brasileiros a base da violência, várias faltas foram cometidas sem que qualquer punição por parte do árbitro alemão, Ernst Waldemar Tschenscher.

Mas como tudo na vida tem um preço, o castigo dos búlgaros veio aos 14 minutos. Yakimov derrubou Pelé próximo a entrada da área. O Rei bateu com violência, a bola tocou no chão e enganou o goleiro Naidenov, era o primeiro gol do Brasil.

Quando se imaginava que o Brasil tomaria as rédeas do jogo, os brasileiros começaram a revidar a violência, o jogo ficou feio e mais uma vez o árbitro que não queria expulsar ninguém se limitava a dar apenas advertências verbais.

O segundo tempo começou diferente, as equipes estavam menos violentas e procuravam tocar a bola deixando a violência um pouco de lado. Aos 18 minutos, Kolev fez uma falta em Garrincha. O próprio Garrincha cobrou com maestria, um chute forte de curava que entrou no ângulo de Naidenov.

Assim estava decretada a única vitória do Brasil naquela Copa e para tristeza de todos os amantes do futebol foi a última vez que Pelé e Garrincha atuaram juntos pela Seleção Brasileira. Vale ressaltar que com os dois juntos em campo o Brasil jamais foi derrotado. Foram 40 jogos com 36 vitórias e quatro empates.

12/07/1966 (19.30)

BRASIL 2:0 BULGÁRIA (1:0)

Competição: Copa do Mundo.

Local: Goodison Park Stadion, em Liverpool (Inglaterra). Público: 52.487 espectadores.

Árbitro: Ernst Waldemar Tschenscher (Alemanha). Assistentes: George McCabe (Inglaterra), John Keith Taylor (Inglaterra).

Advertência: Kolev, Jechev, Denilson.

Gols: Pelé (falta), aos 14; Garrincha (falta), aos 63.

BRASIL: Gilmar; Djalma Santos, Bellini, Altair e Paulo Henrique; Denílson e Lima; Garrincha, Alcindo, Pelé e Jairzinho. Treinador: Vicente Ítalo Feola.

BULGÁRIA: Naidenov, Shalamanov, Penev, Kutzov e Gaganelov; Jetchev e Kitov; Dermendjev, Asparukhov, Yakimov e Kolev. Treinador: Rudolf Vytlacil.