Vagner Magalhães / Do UOL, em São Pa
Samuel Toaldo atua como goleiro de aluguel nas peladas de Curitiba
Quem joga futebol semanalmente com um grupo de amigos, conhece bem a rotina. O pessoal vai chegando em cima da hora, algumas rodinhas vão se formando, a turma vai até o vestiário se trocar, os times são escolhidos e vem a fatídica pergunta. "Quem vai no gol"? Invariavelmente um sai aquecendo para um lado, o outro finge que não ouviu, e preciosos minutos são perdidos até que alguém aceite a missão.
Conhecedor da situação, o físico Samuel Toaldo, 31, que mantém uma loja de informática em Curitiba, resolveu empreender. Lançou no Facebook a página "Goleiro de aluguel" e passou a cobrar R$ 30 por hora jogada. A informação passou a circular e ele conta de que lá para cá já fez quatro ou cinco partidas mediante pagamento, que ele afirma ter uma causa nobre. "Eu me proponho a comprar bolas e luvas de goleiro para doar para os abrigos (orfanatos) de Curitiba".
Toaldo conta que a cidade conta com cerca de dez instituições e que pretende ajudar todas elas. "Tudo começou com uma brincadeira. Justamente com essa história de faltar goleiro. Sempre gostei de jogar no gol e direto o pessoal me chamava para atuar. Aí resolvi fazer isso. Além de conhecer novas pessoas, ainda posso ajudar outras", afirma.
E entre uma partida e outra, ele diz que ainda consegue divulgar o trabalho feito em sua loja de informática. "Como nesses times tem gente de diversas áreas de atuação, sempre dá para fazer um contato e até um eventual negócio", diz.
Na infância, Toaldo lembra que tinha gosto pelo futebol e que pediu para que o pai o colocasse um uma escolinha para crianças. Na primeira partida foi muito mal, jogando na linha, e o pai foi quem pediu para que ele pudesse atuar no gol. "Aí eu fui pegando gosto e parece que deu certo", recorda.
Além das peladas, o goleiro afirma que costuma treinar semanalmente em um parque da cidade. "Mesmo não sendo profissional, eu costumo me dedicar bastante. E posso garantir que o pessoal que tem me contratado não se arrepende", diverte-se.
O professor de educação física Paulo Henrique Pulcides, 33, afirma que o pessoal que joga com ele tomou conhecimento do "goleiro de aluguel" pela Internet e que resolveu fazer um teste.
"A gente até ficou surpreso. Ligamos para ele uma hora e meia antes do jogo e ele apareceu. E olha que ele nem mora tão perto de onde a gente joga", diz.
Pulcides conta que todos aprovaram o desempenho de Toaldo, que segundo ele, além de tudo, "é gente boa". "Ele é tão bacana que a gente tá vendo se não junta uma grana para que ele jogue toda a semana conosco. Da nossa parte, nos comprometemos a ajudar ele com as doações", diz. A ideia é incluir o valor do aluguel na mensalidade do grupo.
Toaldo só faz uma ressalva. Quem não tem ficado muito feliz com essa história é sua namorada. "Não é nem pelos jogos. É que depois sempre rola aquela cervejinha que atrasa tudo", diz. "Mas nos fins de semana, ela até me acompanha".