Em 2013 um desconhecido Bruno Henrique, que ainda dava seus primeiros passos como jogador profissional no Uberlândia-MG, foi rejeitado após ser oferecido ao então recém-fundado Manaus, que disputaria a Série B do Amazonense daquele ano.
O caso, revelado apenas nesta quarta-feira, repercutiu nacionalmente, mas está longe de ter sido o primeiro no mundo do futebol. E provavelmente não foi o último. Não é tão incomum atletas serem rejeitados no início da carreira para, depois, ganharem o mundo.
O GloboEsporte.com, pensando nesse histórico curioso, fez uma lista de jogadores atualmente renomados, de distintas gerações, que passaram por situações semelhantes antes ou até pouco depois de virarem profissionais. Veja abaixo.
Luis Suárez - rejeitado pelo Flamengo
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2019/06/16/1080.uruxecu.wander_roberto.160619_bz9i2342.jpg)
Luis Suárez poderia ter atuado no Flamengo — Foto: Wander Roberto/CA2019
Hoje consolidado no futebol mundial, o atacante Luis Suárez, maior artilheiro da história da seleção uruguaia e destaque do Barcelona, foi observado pelo Flamengo no ano de 2006, mas foi rejeitado por Andrade, na época desempenhando a função de olheiro rubro-negro.
- Não me arrependo, não. Futebol é momento. Naquela época, ele tinha 19 anos. Fui ver um torneio (no Uruguai), e ele não se apresentou bem. Era garoto ainda, inexperiente, e realmente não dei o aval. Tinha outro observador comigo, o pai do Ibson (Laís Silva), e ele também não se empolgou - revelou o último treinador campeão brasileiro pelo clube, em entrevista concedida em 2013.
Um dos responsáveis pelo "não" a Luis Suárez foi o atacante Fabiano Oliveira. Hoje com os mesmos 32 anos do uruguaio, Fabiano nunca se firmou no Flamengo e colecionou passagens discretíssimas, incluindo os modestos turcos Giresunspor e Boluspor.
Chicharito Hernandéz - rejeitado pelo Internacional
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2018/06/23/2018-06-23t162647z_1870303696_rc1d23d66740_rtrmadp_3_soccer-worldcup-kor-mex_U2Sa3ns.jpg)
Chicharito é o maior artilheiro da história do México — Foto: REUTERS/Damir Sagolj
Maior artilheiro da história do México e atualmente jogador do West Ham, da Inglaterra, Chicharito Hernández por pouco não construiu sua carreira no futebol brasileiro. Em 2005, quando tinha apenas 16 anos, o atacante veio ao país para disputar uma competição de base, a Copa Promissão, no interior de São Paulo, com a equipe sub-17 do Chivas Guadalajara
Apesar de não ter balançado as redes, Chicharito chamou a atenção do Internacional, que procurou o clube mexicano para conversar sobre uma possível transferência. O negócio só não saiu porque os dirigentes gaúchos se assustaram com o valor pedido pelo Chivas na época, algo em torno de US$ 1 milhão (R$ 4,1 milhões, na cotação atual).
Cinco anos mais tarde, o time de Guadalajara acabou negociando Chicharito com o Manchester United por uma quantia muito maior, 7,5 milhões de euros (R$ 34,5 milhões). As informações são do blog do Rafael Reis, da UOL.
James Rodríguez - rejeitado pelo Palmeiras
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2019/06/19/rib7553.jpg)
James Rodríguez foi rejeitado pelo Palmeiras em 2009 — Foto: Marcos Ribolli
Além de duas Copas do Mundo no currículo, sendo uma como artilheiro, James Rodríguez passou por grandes na Europa até retornar ao Real Madrid. Mas o que poucos sabem é que ele poderia ter sido jogador do Palmeiras.
Em 2009, o camisa 10, então no Banfield, da Argentina, esteve na mira do Verdão – ele foi avaliado por um olheiro do clube e observado pelo então auxiliar-técnico Jorginho. Com 18 anos na época, o colombiano já valia muito, segundo Jorginho. Mas, além do preço salgado, o treinador explicou que não recomendou ao Palmeiras a contratação porque o jogador estava acima do peso.
- Vi apenas um jogo do Banfield, e ele foi trocado no intervalo. Tinha 17, 18 anos e era uma bolinha - afirma Jorginho, em entrevista a ESPN em 2014.
Um ano depois, o meia seria contratado pelo Porto, de Portugal. Mesmo ao ver que o meia se tornou um grande jogador, Jorginho diz que não se arrepende por não tê-lo recomendado.
- Ele não era barato. Devia valer US$ 5 milhões na época. Ninguém em sã consciência iria recomendar pagar isso por um jogador tão jovem. Não daria para arriscar com tanto dinheiro. Nessa idade, é fácil demais se equivocar - concluiu.
Lionel Messi - rejeitado pelo River Plate
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2019/06/28/20190628_venezuela_x_argentina_047.jpg)
Messi não conseguiu acordo com o River Plate em 2000 — Foto: Jorge R Jorge/BP Filmes
Foi em 2000 que família e amigos de Lionel Messi perceberam que, onde sobrava talento, faltava em crescimento. O argentino, criança na época, não crescia e muito menos havia como pagar os tratamentos.
Foi aí que tentaram bater à porta do River Plate, em um episódio agora recordado por Eduardo Abrahamian, que naquela altura coordenava as categorias de base e que tentou que o clube aceitasse fazer um esforço pelo pequeno Messi.
Num teste, em que Messi tentou impressionar o River Plate, o jogador marcou 12 gols, que não foram o suficiente para convencer o clube argentino. O problema não seria a parte desportiva, mas sim as exigências da família . O River Plate precisava de uma casa para que Messi pudesse levar a sua família para lá, uma exigência que o clube não pôde satisfazer.
Eduardo ainda tentou explicar que poderiam estar perante uma estrela, mas os diretores não avançaram com o esforço financeiro, acreditando que não faltavam jogadores promissores entre os mais jovens do River Plate.
Ronaldo Fenômeno - desacordo com o Flamengo
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2016/02/15/ronaldo_rivaldo_brasil_2002.jpg)
Ronaldo é o maior artilheiro do Brasil em Copas — Foto: Getty Images
Ronaldo era um garoto pobre, morador de Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Para ir até à Gávea, onde era realizado as peneiras do Flamengo, o jovem passava aperto devido às dificuldades para se locomover até o local. Com o tempo acabou desistindo por causa do ônibus que tinha que pegar até a Zona Sul.
Além de ser uma viagem duradoura, já que seu bairro era muito distante do CT do Flamengo, a passagem também pesava no bolso. No final, optou pelo São Cristóvão, que para Ronaldo seria o caminho mais fácil para levar ao sonho de ser um jogador de futebol.
- Tinha que ir de Bento Ribeiro até a Gávea, eram duas conduções para ir e duas para voltar. Aí eu não tive nenhuma ideia brilhante e fui para o São Cristóvão, pois eu achava que era o caminho mais rápido, eu falava: "São Cristóvão eu vou me destacar e algum clube vai me ver e foi assim que tracei meu início - disse Ronaldo uma vez durante entrevista.
Cafú - rejeitado no Atlético-MG e muitos outros
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2013/12/06/cafu-get.jpg)
Cafú foi rejeitado em diversas peneiras até ser aprovado no São Paulo — Foto: Getty Images
“Eu fui mandado embora do Atlético Mineiro porque não tinha referência. Eu cheguei lá para fazer o meu teste, tinha mudado a diretoria, e o treinador falou assim: "Quem aqui tem cartão de referência ou quem veio através de uma referência?". Foram 15 para o lado de lá. "E quem não tem referência?" O "bestinha aqui foi pro lado de lá”, relembrou Cafu no Bola da Vez, da ESPN, em 2017.
“Eu não tinha referência nenhuma, fui lá fazer o meu teste. ‘Esses aí não precisam mais vir’ (fala do treinador). Nem me viu treinar, nem me viu treinar. Fui dispensado sem ter treinado”, completou o capitão do penta e jogador que mais vezes vestiu a camisa da seleção brasileira, que teve passagens por grandes clubes como Palmeiras, São Paulo, Milan e Roma.
Após várias negativas, por cerca de 10 peneiras, Cafú foi finalmente aceito e acabou se destacando no São Paulo no final da década de 80, mais precisamente em 89, quando ainda atuava na extinta ponta direita.
Garrincha - rejeitado pelo Vasco da Gama
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2017/10/18/garrincha_sHQtYWX.jpg)
Garrincha foi rejeitado pelo Vasco antes de brilhar no Botafogo e pela seleção brasileira — Foto: Twitter oficial do Botafogo
Garrincha foi rejeitado no Vasco da Gama, segundo informou Léo Batista, em matéria exibida no Globo Esporte. Os motivos de o então técnico do Vasco deixá-lo esperando para fazer o teste e acabar por não chamá-lo à atividade, eram as suas pernas tortas e um desvio que tinha na coluna, fatores que nunca o atrapalhou, e pelo contrário, ajudou no seu desempenho dentro de campo.
Com uma perna oito centímetros maior que a outra, Mané passou pelo mesmo constrangimento no São Cristovão, mas logo em seguida ele foi treinar no Botafogo. Em sua primeira jogada, pôs a bola entre as pernas do já lendário lateral-esquerdo Nilton Santos e acabou contratado a pedido do próprio lateral.
Pelé - rejeitado pelo Sport
/s.glbimg.com/es/ge/f/original/2014/06/04/pele_copadomundo_1970_ap.jpg)
Pelé, do Brasil, é carregado durante a comemoração do título de campeão em 1970 — Foto: Agência AP
Uma reportagem exibida pelo Diário de Pernambuco, em 2012, conta essa história. Até o rei Pelé foi desprezado em seu início de carreira. No dia 5 de novembro de 1957, o Sport cometeu o maior erro da sua história.
Num desses lances que só acontecem uma vez na vida, o Leão teve a oportunidade de contar com o reforço de ninguém menos que Pelé, oferecido pelo Santos ao então diretor José Rosemblit. Para infelicidade geral da torcida rubro-negra, o clube rejeitou a proposta.
O argumento da época foi que o garoto, com 17 anos, era novo e desconhecido. Durante muitos anos esse fato foi questionado e estava fadado a entrar para a posteridade como mais uma lenda do futebol.