Inventor da clássica maneira de cobrar pênalti, o santista também foi o autor do gol que deu o segundo Mundial ao Santos
Dalmo foi o inventor da paradinha | Crédito: Revista Placar
Dalmo Gaspar nasceu em Jundiaí em 19 de outubro de 1932. Descobriu que era bom na defesa nos campinhos no bairro Vianelo. Como profissional, começou no Paulista, como lateral-esquerdo. Teve ainda uma passagem pelo Guarani a partir de 1954.
Mas em 1957 a sorte o levou à Vila Belmiro para vestir a camisa 3. Tinha como companheiros Gylmar, Zito, Coutinho, Pelé e Pepe. Estreou em 26 de outubro no Pacaembu, ganhando do Palmeiras por 4 x 3. Dalmo se deslocava para cada posição na defesa onde fosse necessário. Tinha consciência de que era um coadjuvante.
Em 1962, esse time ganhou o primeiro Mundial para o Santos, contra o Benfica. No ano seguinte, o Peixe repetiu a dose e chegou à final, diante do Milan. Perdeu a primeira na Itália e venceu a segunda no Rio, ambas por 4 x 2, o que forçou a partida extra, também no Maracanã. Aos 31 minutos do primeiro tempo, pênalti para o Santos. Pelé estava fora, contundido. Quem costumava cobrar era Pepe, com sua bomba letal de perna esquerda. “Sempre batia os pênaltis quando o Pelé não estava”, lembrou ao programa Globo Esporte. “Mas sou muito amigo do Dalmo e ele disse que tinha condições de fazer.”
Observado por 130.000 torcedores, Dalmo toma distância. Chuta de chapa no canto esquerdo. O goleiro Balzarini salta na direção da bola. Por muito pouco não mandou para escanteio.
O gol de Dalmo é o da vitória e da conquista do bi mundial. Santistas intitularam aquele chute de Dalmo como “o gol mais importante da história do Santos”.
Curiosamente, foi um dos apenas quatro gols que marcou nos 369 jogos pelo Peixe.
Com o manto branco, Dalmo Gaspar colecionou uma impressionante coleção de títulos. Cinco vezes campeão paulista (1958, 1960, 1961, 1962 e 1964), tricampeão da Taça Brasil (1961, 1962 e 1963), bicampeão da Libertadores e Mundial (1962 e 1963). Para completar, declarou-se o inventor da paradinha no pênalti, que todo mundo acha que foi criada por Pelé.
Encerrou sua carreira no Santos em 9 de agosto de 1964, ganhando do Juventus por 2 x 1 na Rua Javari. Voltou ao Guarani e depois ao Paulista de Jundiaí, onde virou técnico. Dalmo ainda teve uma carreira como comentarista na Rádio Cidade Jundiaí AM, em equipe comandada por Milton Leite. Virou funcionário público da prefeitura até a aposentadoria.
Passou os últimos anos em sua casa de Jundiaí, onde passeava com os três netos. No início de 2014, foi diagnosticado com Alzheimer. Em fevereiro de 2015 foi internado no hospital Paulo Sacramento, de Jundiaí, com infecção no sangue. Faleceu às 10h50 de 2 de fevereiro de 2015, aos 82 anos, de “insuficiência respiratória causada por doença degenerativa”. Deixou a viúva Rosa Maria, dois filhos e três netos. Foi enterrado no Cemitério Nossa Senhora do Desterro.
“Foi um um paizão”, diz a filha Ana Paula. ”Ainda dói falar sobre esta figura que lutou bravamente para não nos deixar.”
Fonte: Revista PLACAR