Gláucio Castro e Alexandre Simões - Hoje em Dia

Para se ter noção do tamanho do vexame, é preciso voltar quase um século na história. A maior goleada sofrida pela Seleção Brasileira tinha sido um 6 a 0 para o Uruguai, em 18 de setembro de 1920, em Viña del Mar, no Chile, em partida válida pelo Campeonato Sul-Americano, que depois passou a se chamar Copa América.

Para se entender os 7 a 1, basta andar pouco mais de dez meses no tempo. Na manhã de 27 de maio de 2015, numa operação conjunta entre Estados Unidos e Suíça, foi escancarada a corrupção no futebol mundial, durante o processo de reeleição de Joseph Blatter na Federação Internacional de Futebol Associado (Fifa).

E os dois presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que antecederam o atual, Marco Polo Del Nero, estão diretamente envolvidos. José Maria Marín, que deixou o cargo em abril deste ano, está preso na Suíça. Ricardo Teixeira, que renunciou em março de 2012, após mais de duas décadas no cargo, ainda não foi, mas não será surpresa se também for para trás das grades.

Os 7 a 1 do Mineirão marcam de forma definitiva a maior crise técnica enfrentada pelo futebol brasileiro em todos os tempos.

E a partir desta edição, o Hoje em Dia reconta a história do vexame, que completa um ano na próxima quarta-feira, mas que ainda não provocou as mudanças que se fazem necessárias para que o futebol brasileiro possa voltar a encantar e a Seleção a merecer o respeito dos rivais.

E não há outra maneira de começar a falar daqueles 7 a 1 que não seja mostrando a sequência de gols que derrubou um gigante dentro da sua própria casa.

Recorde

A maior goleada de uma semifinal de Copa do Mundo desde1930 chegou a ter três gols marcados num intervalo de apenas três minutos, sem que a equipe de Luiz Felipe Scolari, que tinha toda a sua fragilidade escancarada, conseguisse reagir.

Além disso, o segundo gol alemão, marcado pelo atacante Klose, desbancou Ronaldo como maior goleador geral dos Mundiais. O Fenômeno tinha sua marca, de 15 gols, ultrapassada pelo veterano, que chegou aos 16.

O País do Futebol sofria o seu mais duro golpe. Mais do que isso. A queda técnica evidenciada a partir do Mundial de 2006, mas mascarada com conquistas de Copas das Confederações e América, ficava evidente.

E o futebol, que nasceu no Brasil como uma paixão, vive um processo em que corre o risco de morte por ter virado só negócio. 

 
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