Com contas bloqueadas por dívidas, entidade usa carro forte para transportar seus recursos. Nova administração inclui FMF em programa de recuperação fiscal |
Por Martín Fernandez
Há pelo menos 11 anos a Federação Mineira de Futebol não pode movimentar contas em bancos, bloqueadas pela Justiça por causa de dívidas com o governo federal - são cerca de R$ 35,8 milhões, e a mais antiga delas data de 1963. Por causa disso, o prédio da entidade está penhorado e a federação só opera com dinheiro vivo - situação que está prestes a acabar. A nova diretoria, que assumiu em 16 de junho, conseguiu incluir a entidade no Refis - programa de recuperação fiscal do governo federal, que permite o pagamento parcelado dessas dívidas. O desbloqueio das contas vai encerrar uma série de situações bizarras.
Um exemplo: no dia 17 de julho, o Atlético-MG derrotou o Lanús no Mineirão e ficou com o título da Recopa. Enquanto a torcida comemorava, um carro forte chegava ao estádio para buscar a parte da renda que cabia à federação - exatamente R$ 286.646,50, ou 5% da renda bruta. O balanço de 2013 da FMF mostra que a entidade faturou R$ 13,3 e gastou R$ 13,2 milhões - teve superávit de R$ 117 mil no período. Graças ao bom ano de Atlético-MG (campeão da Libertadores) e Cruzeiro (campeão brasileiro), a federação faturou R$ 6 milhões só com bilheteria. Castellar Guimarães Neto, 31 anos, é o novo presidente da Federação Mineira (Foto: Mauricio Paulucci)
Seu antecessor no cargo, Paulo Schettino, afirmou que nunca usou conta corrente durante sua administração para movimentar o dinheiro da federação. Schettino comandou a FMF por 11 anos, de 2003 a 2014, quando deixou o cargo por decisão da Justiça. Paulo Schettino comandou FMF por 11 anos
(Foto: Rafael Araújo / GloboEsporte.com) - Nós não podíamos deixar o dinheiro em banco, porque ele seria tomado pelas penhoras judiciais. Então deixamos sob os cuidados de uma empresa de segurança, que nos cobrava 2% de juros pelo serviço. Algumas receitas nós recebíamos em dinheiro vivo, outras em cheque - disse Schettino.
ECONOMIA DE R$ 56 MIL EM UM MÊS O trio que atualmente comanda a FMF encontrou outros problemas. Por exemplo: não havia controle sobre os gastos da instituição. Quando um funcionário fazia uma despesa qualquer, apresentava um recibo na boca do caixa da federação e era reembolsado. |