O desejo da Federação Inglesa (FA) de fazer o futebol feminino da Terra da Rainha dar um salto de qualidade não fica apenas no discurso. Assim como o nome da campanha “We can play” (nós podemos jogar) não é por acaso: campeonatos de categoria de base já contam times de meninas jogando de igual para igual com os meninos.
A iniciativa surge após décadas de desencorajamento em mostrar que elas podem ser capazes de competir com qualquer adversário, independente do gênero. Por isso, as equipes femininas de base de alguns clubes já participam de competições onde enfrentam times masculinos.
Essa mudança não terá impacto apenas no modo como elas jogam, mas como são vistas. A ideia de que, com raras exceções como vôlei e tênis, modalidades femininas despertam menos interesse, pode ser desconstruída por disputas entre meninas e meninos.
O plano está sendo aplicado inicialmente nas categorias de sub-10 e sub-12. Há todo um trabalho nutricional, psicológico e de treinamento físico com as garotas, além de workshops para seus familiares. Afinal, muitos pais estranharam a ideia de ver suas filhas jogarem contra garotos.
O Arsenal, gigante do futebol inglês e que há décadas possui um trabalho consistente nas categorias femininas, é um dos clubes que tem feito isso. Na semana passada, a equipe sub-10 enfrentou os garotos do AC Finchley pela Watford Friendly League.
Segundo a treinadora do Arsenal, Tessa Payne, a experiência é enriquecedora para que elas desenvolvam no esporte, pois vários níveis de habilidade são trabalhados, e que garotas talentosas precisam de desafios.
Já os garotos do AC Finchley se mostraram um tanto apreensivos no começo, mas com a bola rolando tudo transcorreu normalmente. Para o técnico Stevie Kotey, foi uma ótima maneira de trabalhar a questão de gênero com os jogadores do seu time.
O Arsenal perdeu, mas por questões técnicas de ataque e já estão trabalhando nisso. E no final as garotas disseram preferir esse tipo de jogo, gostando mais de ter rivais do sexo oposto.