Neste sábado, às 13h de Brasília, Suécia e Holanda entrarão no gramado do estádio De Vijverberg, em Doetinchem, para iniciarem as quartas de final da Euro feminina. Reveladas as oito classificadas, a verdade que fica é que não houve muitas novidades no torneio continental de seleções – de modo até previsível. Nem mesmo a Islândia conseguiu alegrar sua torcida sempre notável e surpreender em campo: ficou na primeira fase, sem pontos ganhos.
Ainda assim, é possível apontar cinco tendências que a primeira fase da Euro indicou. Até para ver se elas se confirmam, daqui até 6 de agosto, com a final no Grolsch Veste de Enschede. Elas vêm abaixo:
1) Suécia e Alemanha: as favoritas, devagar e sempre
Ao contrário da final olímpica, quando impôs sua superioridade no Maracanã e conquistou o ouro, a Alemanha teve mais dificuldades no grupo B. Passando por reformulações no grupo, tendo apenas algumas jogadoras mais conhecidas (a meio-campista Dzsenifer Marozsán e a atacante Anja Mittag, por exemplo), a atual bicampeã feminina da Euro ficou apenas no empate por 0 a 0 em sua estreia, justamente contra a sua adversária na decisão do torneio dos Jogos: a Suécia.
Por sua vez, a medalha de prata no Rio impôs o estilo conhecido com que a técnica Pia Sundhage comanda a seleção: feroz dedicação tática na defesa. Do talento no ataque, cuidam gente como a atacante Lotta Schelin e a meio-campista Stina Blackstenius. No entanto, as suecas foram surpreendentemente contidas pela Itália: já eliminadas, as Azzurras fizeram 3 a 2. Sorte das alemãs, que garantiram a primeira posição do grupo A. Seja como for, até aqui, sem muito brilho, Alemanha e Suécia cumpriram o esperado. A ver se decepcionarão.
2) As decepções: Noruega (mais) e França (menos)
Mesmo que não fosse favorita à conquista, a Noruega tem tradição no futebol feminino. Já até foi campeã mundial (1995), além dos dois troféus da Euro (1987 e 1993). Porém, pelo que se viu nos campos holandeses, de fato, tradição não ganha jogo. Porque as norueguesas tiveram desempenho fraquíssimo: eliminadas na última colocação do grupo A, sem pontos ganhos nem gols marcados. Até mesmo um pênalti foi perdido, contra a Dinamarca, na derrota de despedida (1 a 0, na segunda passada).
Se a Noruega tem uma tradição que – ficou claro – precisa ser recuperada, a França também viu que ainda tem muito trabalho a fazer. As Azuis vinham em franca evolução (na Copa passada, só foram eliminadas nas cobranças da marca do pênalti, pela Alemanha), e até começaram bem, com o 1 a 0 na Islândia. Todavia, foram surpreendidas por Áustria e Suíça: em ambos os jogos saíram atrás, tendo de buscar o 1 a 1. Conseguiram a classificação, mas como segundas colocadas do grupo C. E terão de provar o valor no jogo de maior equilíbrio em potencial das quartas, contra a Inglaterra, neste domingo.
3) Inglaterra: despontando para ser a campeã?
A bem da verdade, a Inglaterra já poderia até ter conseguido coisa melhor na Copa de 2015: chegou à terceira posição superando a Alemanha, e só não teve chance de ir à final porque um gol contra foi cometido no último minuto da semifinal contra o Japão. Ainda assim, as inglesas conseguiram assimilar o golpe de dois anos atrás. E mostram entrosamento e determinação nesta Euro para buscarem o primeiro título europeu da história da seleção feminina.
Experiência não falta ao time: há a zagueira Casey Stoney, a lateral esquerda Laura Bassett, a meio-campista Karen Carney, a atacante Toni Duggan. Todas estiveram na Copa, e todas (principalmente Duggan) foram destaques numa primeira fase que viu a Inglaterra fazer a melhor campanha. Uma goleada (6 a 0 na Escócia), duas vitórias eficientes (2 a 1 em Espanha e Portugal), e as “Três Leoas” mostraram capacidade para irem além. A França será um bom teste no caminho para, quem sabe, realizarem o sonho do título europeu – e impulsionarem o futebol feminino já fortalecido com a Premier League Ladies.
4) A anfitriã Holanda: quanto falta para a mania explodir?
Sediando a Euro, a Holanda passa por processo parecido ao visto no Brasil, durante o torneio olímpico de futebol feminino no ano passado: bem ou mal, a modalidade está atraindo atenção. Em média, dois milhões de holandeses têm assistido aos jogos na televisão; a receptividade é tamanha que até mesmo Louis van Gaal assistiu à estreia contra a Noruega; e não faltam nem mesmo os críticos do oba-oba pelo futebol feminino, apontando a falta de qualidade técnica das jogadoras.
Ao fim e ao cabo, a verdade é que as “Leoas Laranjas” fizeram uma primeira fase elogiável. Mesmo sem números tão extravagantes quanto a Inglaterra, foram a única outra equipe a ter 100 por cento de aproveitamento. De quebra, revelaram duas das melhores jogadoras da competição até agora, no ataque, com Shanice van de Sanden e Lieke Martens. Ainda assim, o que se viu em campo não foi exuberante: três vitórias na conta do chá (dois 1 a 0, contra Noruega e Dinamarca, e o 2 a 1 contra a Bélgica). O dificílimo desafio contra a Suécia – bem mais tradicional e melhor tecnicamente – revelará se a mania momentânea do futebol feminino pode explodir na Holanda.
5) As melhores jogadoras
Claro, a Inglaterra provavelmente deu a melhor jogadora da primeira fase: Jodie Taylor, artilheira da Euro até agora. Talvez, também a segunda melhor seja inglesa: a meio-campista Toni Duggan, boa armadora. Mas há as supracitadas Van de Sanden e Martens, ambas “levando nas costas” os sonhos holandeses. Na Suécia, a também citada dupla Blackstenius-Schelin se responsabiliza. Da Alemanha, vem Babett Peter. E até a Dinamarca já tem uma atacante para apostar, em Katrine Veje. Quem sabe uma dessas seja a protagonista do título. A ver.