Novo atacante do Atlético-MG chegou a pensar em desistir após ouvir primeiro "não" no profissional e se irritava quando técnico falava para ele jogar de lateral
Há quem acredite que velocidade e habilidade, que chamaram a atenção ainda no futebol amador de Patrocínio, são as principais qualidades do atacante Ademir, reforço do Atlético-MG. Para os treinadores Darcelo do Carmo e Willian Rogério, que acompanharam os primeiros passos do atacante, as qualidades fundamentais foram persistência e dedicação.
Paulistano de nascimento, Ademir mudou-se ainda pequeno para Patrocínio-MG, cidade da família materna. O atacante do Galo começou a jogar bola no Centro Esportivo "Peúca", o mesmo onde ele postou treinando, na semana passada, no interior mineiro.
Ademir (segundo agachado da direita para esquerda) passou pela base do UEC — Foto: Arquivo Pessoal
Em 2013, o atleta foi federado pelo Uberlândia Esporte e disputou por dois anos o Campeonato Mineiro sub-20. Mas foi sob o comando de Darcelo, em 2014, no Campeonato Regional de Patos, que Ademir se destacou pelo time sub-20 de Patrocínio.
Na juventude, Ademir atuava no futebol amador de Patrocínio-MG — Foto: Alair Constantino/Dono do Apito
Darcelo lembra que, no ano seguinte, fez a indicação para a Sociedade Esportiva Patrocinense (SEP), que estava em pré-temporada para a disputa do Módulo 2 do Mineiro.
– Indiquei o Ademir para a SEP, mas no primeiro momento dispensaram ele. Logo depois teve um jogo-treino da seleção da cidade contra a SEP, o Ademir se destacou e chamaram ele de volta – relembra.
"Ele até falou em desistir, mas eu falei: 'Não, continue, insiste que você tem qualidade'. Apareceu a oportunidade e ele seguiu carreira".
Darcelo treinou Ademir no Campeonato Regional (importante torneio amador do Alto Paranaíba) e indicou o atacante para a SEP — Foto: Alair Constantino/Dono do Apito
Willian Rogério também foi um dos primeiros treinadores de Ademir. Ele sabia bem como utilizar o atleta e, principalmente, como tirá-lo do sério.
– Lembro como se fosse hoje, ele sempre jogou como atacante de beirada ou camisa 10. Se quisesse ver ele irritado era só eu falar: "hoje você vai na lateral-esquerda" – brincou.
Ademir e Willian Rogério em 2017 no estádio Júlio Aguiar após título do CAP no Módulo 2 — Foto: Arquivo Pessoal
Carreira profissional
Ademir se profissionalizou pela SE Patrocinense — Foto: Alair Constantino/Dono do Apito
Em 2015, teve a chance de se profissionalizar na SEP. O primeiro gol de Ademir no profissional foi no ano seguinte, na vitória da SEP contra o Formiga pelo Módulo 2 do Mineiro. Depois disso, Ademir fez sucesso pelo Clube Atlético Patrocinense (CAP) e também teve rápida passagem pelo Nacional-SP.
Ademir disputou as três divisões do Mineiro com a camisa do CAP — Foto: Alair Constantino/Dono do Apito
Após se destacar na elite do Mineiro com a camisa do CAP, em 2018, o atacante foi contratado pelo América-MG. Pelo Coelho, o atacante foi fundamental na campanha que garantiu a vaga do time de BH na Libertadores deste ano.
No América-MG, Ademir marcou oito gols na Série B de 2020 e no ano passado anotou 13 gols na Série A do Brasileirão, sendo o quarto maior goleador da competição.
Ademir estava no Coelho desde abril de 2018 — Foto: Mourão Panda/América
– Desde cedo, ele se destacava pela velocidade e habilidade. Ele tinha dificuldade nas finalizações. Com a chegada no profissional evoluiu muito esse fundamento. Hoje, a cidade de Patrocínio acompanha e torce para que a carreira dele decole cada vez mais – afirmou Willian.
– O Ademir é um menino humilde, simples, muito dedicado. O ponto forte dele foi não desistir - concluiu Darcelo.
Ademir em ação pela SE Patrocinense no primeiro ano como profissional — Foto: Alair Constantino/Dono do Apito
Jogou no Benfica?
Mas e o Benfica... ele não jogou em Portugal? Não. O Ademir que passou pela base do Benfica é outro. Como os dois são quase homônimos, o fato tem gerado um desencontro de informações nos últimos anos.
Ademir Silva Santos que teve passagem pela base do Benfica, de Portugal — Foto: Reprodução/CBF
O novo reforço do Galo chama Ademir Silva Santos Junior, e não é o Ademir Silva Santos, meia-atacante, que passou pelo futebol português e atuou profissionalmente até 2018, quando defendeu o Paracatu.