Considerado o melhor jogador de várzea de São Paulo, Mendes está conquistando o público também no Sul do País. Aos 29 anos, o craque está disputando uma grande elite de estadual pela primeira vez, como camisa 10 do time sensação do Catarinense, o Santa Catarina, de Rio do Sul.
Mendes nunca fez base. Foi moldado no futebol de várzea. O primeiro time dele foi aos 20 anos, em 2016, no Barcelona Esportivo, na época, pela quinta divisão do futebol paulista.
— Meu primeiro campeonato foi uma Bezinha pelo Barcelona em 2016. Joguei duas Bezinhas e aí jogava o primeiro semestre [no profissional], jogava na várzea [no segundo]. Mais por causa da minha cabeça mesmo. Hoje em dia eu tenho outra. Antigamente só pensava na várzea, em estar perto dos amigos, da família. Hoje minha cabeça tá no profissional — conta Mendes em entrevista exclusiva para o ge.
Atualmente com 29 anos, o atleta é experiente no futebol de várzea, já ganhou os maiores títulos da modalidade em São Paulo. Por conta disso, é considerado por muitos o "01", o melhor da região.
— A maioria dos títulos grandes na várzea eu ganhei, todo campeonato, toda final eu ganhava o melhor jogador e foi me destacando e começaram a considerar, mas é mais resenha mesmo do pessoal de São Paulo… lá tem muitos caras melhores que eu, que já ganharam mais coisas que eu — disse.
Pelo Santa Catarina, Mendes está jogando um grande estadual pela primeira vez na carreira. Sonho que compartilhava com o falecido pai.
— A energia daqui, a torcida, é gostoso de jogar aqui, eles apoiam, o carinho das crianças, e o Campeonato Catarinense é um dos mais fortes, tá entre os três mais top do Brasil.
No último domingo, o Santa enfrentou o Figueirense, pela sexta rodada do Catarinense, no dia em que o pai dele completaria 74 anos.
— Era aniversário dele, e o meu tio, que nunca pode me acompanhar tava no estádio, pegou um ônibus de São Paulo, 13 horas [de viagem], para estar ali. Na hora do hino eu olho pra ele, ele começa a chorar, eu começo a chorar porque lembramos dele. Se ele tivesse aqui, ele ia pegar o ônibus todo fim de semana para ver os jogos. Eu aprendi a amar futebol por causa dele. Sempre que eu entrar em campo eu vou lembrar dele.
Além de Mendes, o Santa Catarina tem o meia Gui Lobo e os atacantes Habibi e Renan que também jogam na várzea.
— Eu e o Lobo jogamos juntos desde 2019, jogamos na várzea, no Nacional [no Paulista A3] em 2021 quando tivemos o acesso, em 2022 quando fomos rebaixados, estamos sempre juntos. Tem o Renan atacante que joga comigo desde pequeno também.
O camisa 10 teve uma primeira passagem pelo Santa Catarina em 2023, onde caiu na semifinal da Segunda Divisão do Catarinense.
— Me deram oportunidade em 2023 de vir pra cá e jogar a Segunda Divisão. Jogava aqui e voltava pra várzea porque não apareciam coisas boas e na várzea eu ganhava muito mais.
Voltou para o time de Rio do Sul em 2024 e conquistou o acesso à primeira divisão do Catarinense, sendo o vice-campeão da Série B.
— Em 2024 teve o acesso e foi a grande chance que tive para jogar a primeira divisão, poder abrir portas para pessoas que não teve base, que a base foi na várzea, na comunidade e eles me deram essa oportunidade.
Estreando na elite do estadual, a projeção para o Santa Catarina no início do campeonato era de briga pelo rebaixamento.
Contudo, o time de Rio do Sul já tem 11 pontos, é o segundo colocado na tabela - atrás do Criciúma, mas com a mesma pontuação - e praticamente está garantido para o estadual no próximo ano.
— Era um sonho estar na primeira [divisão]. Foi tão rápido, fizemos 11 pontos, coisa que ninguém acreditaria. Era pra nós estarmos em último, penúltimo, mas estamos juntos do Criciúma. Quando confirmar a matemática pra gente não cair, vamos pensar no outro passo que é a vaga pra Série D.
O camisa 10 tem duas assistências no Catarinense 2025 e busca o primeiro gol na competição.
A próxima partida do Santa Catarina é contra o Criciúma, disputando a liderança do estadual, na quarta-feira, às 21h (de Brasília), no Heriberto Hülse.