Copa das Árvores: Campeonato une povos da floresta em compromisso de preservar a Amazônia
A aldeia Kuntamanã, do povo Kuntanawa, na fronteira do Brasil com o Peru, foi escolhida para o lançamento da primeira Copa das Árvores, campeonato de futebol em Marechal Thaumaturgo, cidade do interior acreano, realizado entre os dias 14 e 18 de outubro, que reuniu 11 times indígenas e de moradores das reservas extrativistas Alto Juruá, Alto Tarauacá e da Vila Restauração, às margens do Rio Tejo.
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1ª Copa das Árvores, torneio de futebol no meio da floresta no interior do Acre — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Os povos da floresta são os principais defensores quando o assunto é a proteção da Amazônia. Mas você consegue imaginar um campo de futebol no meio da floresta? A Copa das Árvores imaginou. A competição transforma o futebol, uma paixão que une diferentes povos, em instrumento de educação ambiental.
Para participar dos jogos, os atletas firmam um compromisso com a preservação. O evento propõe uma aliança dos povos da floresta e levanta discussões como o combate à crise climática na Amazônia.
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Haru Kuntanawa, idealizador da Copa das Árvores — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
– A gente sente a mudança climática e, dentro de tudo que está acontecendo, eu tive uma visão de chamar a atenção da humanidade. Uma necessidade que é de estar fazendo algo importante envolvendo a juventude, envolvendo os idosos – destaca o idealizador do projeto, Haru Kuntanawa.
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Campo no meio da floresta, em Marechal Thaumaturgo (AC), onde foi disputada 1ª Copa das Árvores — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
A ideia é que a Copa das Árvores seja realizada anualmente até 2030. Até lá, os atletas da floresta devem defender o time e também o direito das futuras gerações de conhecer a biodiversidade desse lugar da Amazônia.
Nove horas de caminhada e três de navegação
O canto do povo da floresta evoca a ancestralidade. Já o vibrante grito da torcida acorda a vontade de vencer. Mas, para balançar a rede, esse povo inicia uma jornada pela trilha na mata fechada antes do sol nascer.
A caminhada exige equilíbrio e uma pausa para o rapé, pó de ervas da medicina tradicional indígena, que dá mais força para continuar o percurso pela floresta.
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Equipe do povo Huni Kuin caminhou por 9h em mata fechada para ir à competição — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Depois de andar muito são as canoas que navegam pelos estreitos igarapés. Um grupo com 15 indígenas do povo Huni Kuin saiu de Jordão, no interior do Acre, e enfrentou o percurso pela primeira vez: nove horas de caminhada e três horas navegando para chegar à aldeia Kuntamanã.
– A trilha é muito pequena, onde a gente não conhecia e vem descansando um pouco. Mas a gente chegou aqui com dificuldade de beber água, e também até no meio da viagem para comer, merendar, e o cansaço, então maior dificuldade. É cansativo chegar aqui para participar – diz o músico Abraão Huni Kuin.
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Jogadores do povo Huni Kuin navegou por 3h para disputar Copa das Árvores — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
“Sensação é uma das melhores”, diz destaque feminino
Lívia Souza, que marcou três gols na final feminina pela equipe da Reserva Extrativista do Alto Juruá, foi eleita a atleta destaque da competição.
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Lívia Souza, destaque feminino da 1ª Copa das Árvores, no interior do Acre, marcou três gols na decisão — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
– Vim do Rio Bajé, da Comunidade Novo Horizonte. Foi mais ou menos um dia de viagem. A sensação é uma das melhores de poder ter chegado até aqui. Foi muito dificultoso, mas graças a Deus conseguimos. Não tenho nem palavras para agradecer – enfatiza.
Campeões
No torneio masculino, o KFC (Kuntanawa Futebol Clube) ficou com o título ao vencer a Resex Alto Juruá nos pênaltis por 7 a 6, após empate por 1 a 1 no tempo normal.
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KFC, campeão masculino da 1ª Copa das Árvores — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
No feminino, a Resex Alto Juruá foi a campeã ao golear o Apolima Arara por 6 a 0.
*Colaboração repórter Eldérico Silva, da Rede Amazônica Acre