Rua Antenor Cunha, número 343, Bairro Guimarães. Segundo levantamento do historiador Wellington Tibério para a coluna Fundo do Baú, este é o endereço da sede do Clube Atlético Montanhês (CAM), em 2 de março de 1958, ou seja, há exatos 60 anos, quando nascia o Montanhês, time barrosense de tantas glórias e histórias que tinha o saudoso ex-prefeito Geraldo Napoleão de Souza como primeiro presidente da equipe alvinegra.
Atualmente o time disputa o Cinquentão na região do Campo das Vertentes, mas já não conta com categorias de base nem times amadores ou juniores, como chegou a ter.
“Éramos de uma geração de craques. Joguei ao lado de Toti, Silvestre, Grilo e Nercy, um dos maiores jogadores que vi jogar”, declara Lolô, pai do atual Presidente do Montanhês, Taquinho do Açougue. “Na nossa época era campo de barro mesmo, não tinha grama não, mas a gente jogava fácil”, relata Lolô que recebeu a reportagem na sua residência. “Eu aproveito para agradecer, porque para mim é um orgulho dar segmento ao Montanhês”, diz Taquinho, que também contou grandes histórias.
Histórias
Entre as inúmeras histórias e conquistas do Montanhês vale ressaltar o primeiro título de expressão no campeonato regional organizado pela Liga de Desportos de Barbacena (LDB), em 1962, quando a equipe venceu o Andaraí e Ficou com o título de Campeão do Inteiror de forma invicta. Carlos Rabelo, Nercy, Moacir Delgado e Cazuza faziam parte daquele chamado Esquadrão Alvinegro.
“Lembro da gente lá no Mineirão e não esqueço do amigo Mercedinho gritando: faz um gol para nós aí Côlo”, relembra o ex-jogador que atuou pelo Montanhês e também foi embora de Barroso por um tempo para jogar pelo América Mineiro.
Além da ida ao Mineirão em 1973 com Didi, Côlo e companhia, o Montanhês também conquistou o regional de 1989 em São João del Rei, quando Maneca e Ferreira marcaram em cima do São Caetano e trouxeram a taça para Barroso.
“Lembro como se fosse hoje: ônibus de torcedores invadiram o campo do Minas e o Montanhês fez uma linda festa na chegada a Barroso”, diz Moacir Ferreira que era o técnico daquela equipe que jogava com maestria e ficou para a história com mais um título de expressão.
“Jamais vou esquecer. Estávamos ganhando de 1×0, gol do Maneca e o Ferreira teve a chance de ampliar na cobrança de falta. Quando o Ferreira pegou para bater, eu falei para ele que esperava ele fazer gols para irmos juntos para a torcida comemorar. E assim foi. Meu amigo, Ferreira, guardou onde a coruja dorme e fez o segundo gol, o gol do título do Motanhês”, relembra emocionado o jogador Carlinhos Gomes.
Depois de muitos anos de inatividade, o Montanhês, que chegou a ter campo próprio, no centro da cidade, ao lado do almoxarifado, onde hoje funciona a Escola FAPI, voltou a disputar e vencer alguns campeonatos de veteranos. Em 2010 em São João del-Rei, com Reinaldo Gambá como treinador, e em 2016 pela tradicional Liga de Barbacena.
Zezé Goleiro, Carlinhos Gomes e Juvenal trouxeram mais um título para o time que um dia chegou a ser “adotado” pela Fábrica de Cimento Barroso.
“Muita gente veio morar em Barroso para jogar no Montanhês porque a Fábrica contratava. E além de fazerem os serviços na companhia, jogavam no time da cidade, no caso, o Montanhês, que a Fábrica abraçou por muitos anos, diz Zezé Pretinho.
Sobre o último título, o de vetereno no Cinquentão de 2016, Juvenal declarou que foi um prazer, anos depois, vencer e levar mais este troféu para Barroso.
No rastro da história sobraram títulos e fotos marcantes como dos arquivos pessoais de Zezé Pretinho, Carlinhos e companhia.
O Barroso EM DIA está preparando um documentário com depoimentos e histórias inéditas dos 60 anos de Montanhês que nasceu para ser rival do Vasquinho e se tornou uma potência com grandes craques que passaram por aqui e aqueles que continuam relembrando os momentos.
O documentário será exibido na próxima semana, quando o Montanhês fará um jogo comemorativo no estádio João Vigia.