A passagem de Wesley Moraes pela Associação Esportiva Uberabinha, time amador que disputa as competições de base em Juiz de Fora, durante a adolescência pode representar um divisor de águas para a equipe.
Beneficiado pelo Mecanismo de Solidariedade da Fifa como clube formador, o Uberabinha recebeu parte do dinheiro da transferência do atacante brasileiro do Club Brugge para o Aston Villa, em junho de 2019, por 22 milhões de libras (cerca de 164 milhões de reais na cotação atual) e deu início ao processo de profissionalização.
Responsável pelo projeto, Sérgio Eduardo, o popular Dudu, foi técnico de Wesley Moraes na base. Ele afirma que a verba foi o que possibilitou ao Uberabinha dar o primeiro passo no processo. Os valores recebidos pelo clube não foram revelados.
— (O dinheiro) Foi 100% útil. Sem ele, não havia condição para a gente se tornar profissional. Com esse dinheiro estamos tentando dar uma guinada no trabalho, formar novos jogadores, novos "Wesleys" para o futebol da cidade, do Brasil e talvez até da Europa — afirmou.
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Wesley Moraes e Sérgio Eduardo se conhecem desde 2010 — Foto: Sérgio Eduardo/Arquivo pessoal
Segundo Dudu, o Uberabinha já deu entrada na documentação necessária na Federação Mineira de Futebol (FMF) e já iniciou os pagamentos para viabilizar a profissionalização.
Com uma parcela a receber da transferência de Wesley para o Aston Villa por participar do processo de formação do atacante, o Uberabinha também precisará passar por outras alterações para se tornar profissional. Como uma associação, a equipe vai precisar alterar o estatuto e adequá-lo à nova fase. Isso está a cargo do advogado Lucas Otoni, que também defende os interesses do Atlético-MG.
Em termos técnicos, Sérgio Eduardo explica que o time não virará profissional da noite para o dia. A intenção é fazer isso sem atropelos, no médio prazo.
— O projeto é disputar o sub-15 e o sub-17 do Mineiro neste ano, talvez o sub-14. Daqui a quatro anos, essa rapaziada que está subindo vai disputar torneios adultos da região. A ideia é ter uma equipe adulta treinando e jogando competições. Quem sabe, ter uma equipe profissional, com os jogadores de Juiz de Fora, pratas da casa. É um sonho, mas pode se tornar real se tiver com pés no chão — declarou.
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Wesley Moraes defendeu o time amador de Juiz de Fora entre 2010 e 2011 e entre 2012 e 2013 — Foto: Uberabinha/Divulgação
Fundado em 1974, ainda como Uberabinha Futebol Clube, a equipe se tornou uma associação em 2006. Wesley chegou ao time do Bairro Cerâmica, Zona Norte de Juiz de Fora, em 2010, quando tinha 13 anos.
Ele permaneceu na equipe até abril de 2011, quando foi emprestado ao Sport Club Juiz de Fora para a disputa do Campeonato Mineiro sub-15. Em 2012, Wesley Moraes, na época conhecido como Jacaré, voltou ao Cerâmica onde atuou até 2014, quando se transferiu para o Itabuna, da Bahia. Posteriormente, retornou ao Uberabinha para jogar o Mineiro sub-20.
Posteriormente, o jogador se transferiu para o Trenčín, da Eslováquia, Club Brugge, da Bélgica, e Aston Villa, da Inglaterra. Wesley também tem uma convocação para a seleção brasileira e um jogo disputado com a amarelinha.
Após grave lesão sofrida no joelho direito, o atacante está em fase final de recuperação e deve retornar em breve ao time de Birmingham para a disputa do Campeonato Inglês.
Clube pleiteia reconhecimento de maior tempo
Como dito acima, Wesley Moraes defendeu o aurinegro em três passagens. No entanto, apenas as estadas dele no Uberabinha entre 2012 e 2013 e no ano de 2014 foram levadas em consideração para o repasse ao clube como um dos formadores do atleta.
De acordo com Dudu, após ingressar no Uberabinha em 2010, o jogador seguiu para o Sport Club Juiz de Fora, onde disputou o Mineiro sub-15. O registro na Federação Mineira de Futebol é o primeiro de Wesley Moraes como atleta. O Verdão da Avenida também foi contemplado com o Mecanismo de Solidariedade da Fifa.
No entanto, o Uberabinha entende que a passagem do atacante pelo Cerâmica entre 2010 e 2011 deve ser considerada. A equipe reuniu a documentação, com fotos e súmulas de jogos nas competições da Liga de Futebol de Juiz de Fora, para tentar pleitear o reconhecimento da primeira passagem do atleta pelo Uberabinha e retificar o passaporte esportivo do centroavante junto à CBF e à Fifa.